Show em Ribeirão Preto
Por Custódia Rosa
Me ponho cá a escrever, antes que minha memória se esvaia e eu me atire a devaneios, e ainda na tentativa de não voltar à real, de permanecer naquele lugar, embalada pelos sonhos, pela felicidade e por aquela voz....
O teatro de Ribeirão Preto é belíssimo, enooooorme, com aquele teto envidraçado, que dá a impressão ora de pássaros, ora de anjos esvoaçando pelo espaço.
E a gente chegou cedo, prá preparar a alma. Olhava prá trás e as pessoas chegando aos poucos. O horário se aproximando, e minha amiga Inês me olha, preocupada: acho que não vai encher não, já tá quase na hora... Onde é que estão as pessoas? Eu falava: calma, eu confio no meu taco...
De repente eu falei: olha prá trás... Foi chegando aquele povo todo, tomando os lugares nas galerias e nas frisas... Não se viu mais um só lugarzinho vazio...
E aí tudo começou (prá mim, de novo, porque foi minha décima quinta vez, mas com emoção de primeira...). É sempre assim: não dá prá descrever o que a gente sente. Primeiros acordes. A Mônica entra, e parece que o mundo pára. Os ouvidos se abrem, e é como se amolecessem, entorpecidos pela beleza, pelo encantamento da hora.
E tudo ali vai deslizando com muita graça e respeito. A volta do malandro, me parece, é um convite prá sair bailando, com o pensamento na ponta dos pés. Depois, em Quem te viu, quem te vê, vem a imagem do Chico à cabeça, prá em seguida a gente se voltar prá ela de novo. É impossível não olhar prá Mônica enquanto ela canta. Eu já tentei, não consegui ...
Ciranda da bailarina é um chamado ao brincar, a, enfim, soltar as últimas amarras da tensão inicial que de todo mundo se apodera. É um momento por demais encantador. E é o meu momento de berrar “Que lindoooooo!” depois da última nota naquela caixinha mágica que ela tem nas mãos. (É esse um segredo nosso que agora compartilho: foi a maneira que encontrei de dizer prá ela que estou por ali...).
Particularmente, me senti meio “maestro”, regendo aquele monte de mãos na hora dos aplausos. É mais ou menos assim. Tudo termina de maneira tão suave, tão delicada, que as pessoas parecem ter medo de aplaudir. Vai que ainda não acabou, né? E é tão angustiante aquele segundo entre a última nota e o tempo de a ficha do público cair, que eu, por várias vezes, tratei de fazer a minha parte antes dos outros. Eu de bom grado passaria essa bolinha prá outras pessoas, e fico bem feliz quando a platéia é barulhenta como eu.
Construção é bem assim: a gente fica hipnotizado olhando pras mãos da Mônica batendo naquele tambor (é, acho que é tambor), porque é como se a consciência da música por ali desse seus ares.
O velho Francisco (não, não vou falar de todas, e nem sei se estou em seqüência, não decoro nada, e prá cada apresentação, faço um “delete” na memória), faz a gente, não sei por que, sentir vontade de chorar.
Bom tempo é de uma gentileza, é de uma vontade de pedir licença e embarcar naquele domingo de sol, vontade de ouvir o radinho, vontade de falar pro cara de como ele é sortudo e feliz...
E antes vem aqueles caras do Pau Brasil arrebentando com o Pulo do Gato, e a gente acaba nem acreditando naquilo que vê e ouve, parecem uns diabinhos fazendo arte, tão à vontade, tão senhores dos seus instrumentos ...
E quando Mônica foi falar do grupo, entre outras, disse: Eles tão carecas de saber do meu jeito de cantar... Todo mundo caiu na risada, e acho que ela nem percebeu porque tava todo mundo rindo. Afinal, só quem tem cabelo total lá é o Rodolfo, né?
E tão inebriada fiquei ouvindo pela primeira vez Flor da Idade, tão linda, tão Chico Buarque... tão Mônica....
Já tô carequinha de ouvi-la contar a historinha da ode aos ratos, mas todas as vezes me arrebento de tanto rir.
“Terminar” com Partido Alto é um tiro tão certeiro, tão “na mosca”, tão prá cima, já deixa todo mundo tão feliz que, quando voltam prá Beatriz, as pessoas, boquiabertas, se entregam junto com ela naquela interpretação magistral. Aliás, tem uma historinha bem legal aqui. Quando Mônica e Nelson voltaram prá Beatriz, um afoito lá de cima soltou: Beatriz! Ao que outro cá de baixo devolveu: Nããão! É Mônicaaaaa! Muuuito lindo!
E vai me dando uma vontade de chorar antes de começarem a Moda. Porque foi lindo, porque eu vi de novo, porque logo vai acabar, porque a saudade já de pronto se anuncia.
E depois teve o encontro no camarim, que esse eu não conto não, vou guardar só prá mim.
Acho que posso afirmar que esse espetáculo de Ribeirão foi o mais lindo que assisti, pelo teatro em si, e também pela quantidade de pessoas presentes. Pela alegria e assombro estampada no rosto delas E também por tudo o que significou prá nós. Pegar mais de quatro horas de busão (sem contar a história da compra dos ingressos), deixar criança em hotel, se matar de comer provolone a milanesa mais o chope do Pinguim, ouvir a Mônica me chamar de maluca, louca, doida (se existir Céu como dizem que existe, esse é um momento que quero levar comigo), e agora ver minha amiga Inês “amaluquecida” pelo show e já de quatro pela Mônica, jurando fazer agora o caminho inverso, prá ver o show aqui em Sampa.
Setembro é um mês divino, lindo mesmo, mas pela primeira vez eu gostaria que ele desse um jeito de sumir do calendário. Prá chegar logo o outubro, e eu assistir de novo lá no Fecap. Pela décima sexta vez.
O teatro de Ribeirão Preto é belíssimo, enooooorme, com aquele teto envidraçado, que dá a impressão ora de pássaros, ora de anjos esvoaçando pelo espaço.
E a gente chegou cedo, prá preparar a alma. Olhava prá trás e as pessoas chegando aos poucos. O horário se aproximando, e minha amiga Inês me olha, preocupada: acho que não vai encher não, já tá quase na hora... Onde é que estão as pessoas? Eu falava: calma, eu confio no meu taco...
De repente eu falei: olha prá trás... Foi chegando aquele povo todo, tomando os lugares nas galerias e nas frisas... Não se viu mais um só lugarzinho vazio...
E aí tudo começou (prá mim, de novo, porque foi minha décima quinta vez, mas com emoção de primeira...). É sempre assim: não dá prá descrever o que a gente sente. Primeiros acordes. A Mônica entra, e parece que o mundo pára. Os ouvidos se abrem, e é como se amolecessem, entorpecidos pela beleza, pelo encantamento da hora.
E tudo ali vai deslizando com muita graça e respeito. A volta do malandro, me parece, é um convite prá sair bailando, com o pensamento na ponta dos pés. Depois, em Quem te viu, quem te vê, vem a imagem do Chico à cabeça, prá em seguida a gente se voltar prá ela de novo. É impossível não olhar prá Mônica enquanto ela canta. Eu já tentei, não consegui ...
Ciranda da bailarina é um chamado ao brincar, a, enfim, soltar as últimas amarras da tensão inicial que de todo mundo se apodera. É um momento por demais encantador. E é o meu momento de berrar “Que lindoooooo!” depois da última nota naquela caixinha mágica que ela tem nas mãos. (É esse um segredo nosso que agora compartilho: foi a maneira que encontrei de dizer prá ela que estou por ali...).
Particularmente, me senti meio “maestro”, regendo aquele monte de mãos na hora dos aplausos. É mais ou menos assim. Tudo termina de maneira tão suave, tão delicada, que as pessoas parecem ter medo de aplaudir. Vai que ainda não acabou, né? E é tão angustiante aquele segundo entre a última nota e o tempo de a ficha do público cair, que eu, por várias vezes, tratei de fazer a minha parte antes dos outros. Eu de bom grado passaria essa bolinha prá outras pessoas, e fico bem feliz quando a platéia é barulhenta como eu.
Construção é bem assim: a gente fica hipnotizado olhando pras mãos da Mônica batendo naquele tambor (é, acho que é tambor), porque é como se a consciência da música por ali desse seus ares.
O velho Francisco (não, não vou falar de todas, e nem sei se estou em seqüência, não decoro nada, e prá cada apresentação, faço um “delete” na memória), faz a gente, não sei por que, sentir vontade de chorar.
Bom tempo é de uma gentileza, é de uma vontade de pedir licença e embarcar naquele domingo de sol, vontade de ouvir o radinho, vontade de falar pro cara de como ele é sortudo e feliz...
E antes vem aqueles caras do Pau Brasil arrebentando com o Pulo do Gato, e a gente acaba nem acreditando naquilo que vê e ouve, parecem uns diabinhos fazendo arte, tão à vontade, tão senhores dos seus instrumentos ...
E quando Mônica foi falar do grupo, entre outras, disse: Eles tão carecas de saber do meu jeito de cantar... Todo mundo caiu na risada, e acho que ela nem percebeu porque tava todo mundo rindo. Afinal, só quem tem cabelo total lá é o Rodolfo, né?
E tão inebriada fiquei ouvindo pela primeira vez Flor da Idade, tão linda, tão Chico Buarque... tão Mônica....
Já tô carequinha de ouvi-la contar a historinha da ode aos ratos, mas todas as vezes me arrebento de tanto rir.
“Terminar” com Partido Alto é um tiro tão certeiro, tão “na mosca”, tão prá cima, já deixa todo mundo tão feliz que, quando voltam prá Beatriz, as pessoas, boquiabertas, se entregam junto com ela naquela interpretação magistral. Aliás, tem uma historinha bem legal aqui. Quando Mônica e Nelson voltaram prá Beatriz, um afoito lá de cima soltou: Beatriz! Ao que outro cá de baixo devolveu: Nããão! É Mônicaaaaa! Muuuito lindo!
E vai me dando uma vontade de chorar antes de começarem a Moda. Porque foi lindo, porque eu vi de novo, porque logo vai acabar, porque a saudade já de pronto se anuncia.
E depois teve o encontro no camarim, que esse eu não conto não, vou guardar só prá mim.
Acho que posso afirmar que esse espetáculo de Ribeirão foi o mais lindo que assisti, pelo teatro em si, e também pela quantidade de pessoas presentes. Pela alegria e assombro estampada no rosto delas E também por tudo o que significou prá nós. Pegar mais de quatro horas de busão (sem contar a história da compra dos ingressos), deixar criança em hotel, se matar de comer provolone a milanesa mais o chope do Pinguim, ouvir a Mônica me chamar de maluca, louca, doida (se existir Céu como dizem que existe, esse é um momento que quero levar comigo), e agora ver minha amiga Inês “amaluquecida” pelo show e já de quatro pela Mônica, jurando fazer agora o caminho inverso, prá ver o show aqui em Sampa.
Setembro é um mês divino, lindo mesmo, mas pela primeira vez eu gostaria que ele desse um jeito de sumir do calendário. Prá chegar logo o outubro, e eu assistir de novo lá no Fecap. Pela décima sexta vez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário