terça-feira, 2 de maio de 2023





Salvador, Bahia, 30 de abril de 2023

Mônica Salmaso: a encantadora de almas

Eu iria escrever esse texto anteontem, mas não tive condições: é que cheguei em casa, à noite, tomada de emoção – já explico! 

Como amante da boa música e pesquisadora musical sou frequentadora assídua da Concha Acústica do Teatro Castro Alves em Salvador (Bahia). O primeiro espetáculo que pude assistir na Concha (como é intimamente conhecida) foi nada mais, nada menos, que o show Tieta do Agreste com músicas interpretadas por Caetano Veloso e Gal Costa em 1996. De lá pra cá muitas águas rolaram... muitas músicas ecoaram... muitos artistas ali passaram, mas dessa vez foi diferente: muito diferente!

No último dia 28 fui assistir à turnê “Que tal um Samba?” em que a cantora paulista Mônica Salmaso faz participação especial junto a Chico Buarque (e põe especial nisso!!!) – participação essa que lhe rendeu reações encantadas/maravilhadas do público baiano!!! 

Não é que vez ou outra o público se manifestava emocionado quando a Mônica aparecia durante o show: é que isso ocorreu o TEMPO INTEIRO! Desde o abrir das cortinas, quando ela lindamente tocou sua Kalimba tal qual um anjo dedilhando as notas da canção TODOS JUNTOS do clássico disco Saltimbancos, até o fechamento da apresentação quando ela cantou com Chico a música João e Maria. Eram suspiros e mais suspiros... Quem já a conhecia (como eu) passou a admirá-la ainda mais... Quem não a conhecia cochichava com seus pares: “QUE VOZ É ESSA?!”; “QUE MULHER MARAVILHOSA!”; “MEU DEUS ELA É DIVINA”; “VIREI FÔ – sem falar nas pessoas acessando plataformas como o SPOTIFY em tempo real procurando seu perfil “para não perdê-la de vista”. Foram tantos os elogios ao longo da noite que em um texto só não conseguiria descrever.

“Ganhar a Concha” daquele jeito, da forma leve e sutil como foi, não é pra qualquer um(a). Mônica parecia flutuar no palco... A cada entrada sua o público se ajeitava em concentração e silêncio. Foi lindo! Foi maravilhoso! 

O fato é que naquele dia, ao terminar o espetáculo, fiquei sentada um tempo na escadaria tentando processar os sentimentos dentro de mim: eu não conseguia ir embora. Paralisei por uns instantes! Lembrei do momento em que ela chorou no palco ao cantar a música Maninha em homenagem a Miúcha (irmã do Chico) – nunca havia visto a Mônica chorar em um show: chorei junto! Depois, quando eu já havia voltado para casa estava certa do quanto tudo aquilo havia sido marcante e especial na carreira dela: para mim não havia dúvida. Mas, para me encher mais ainda de certezas, no dia seguinte, em viagem fotográfica ao quilombo Kaonge na cidade de Cachoeira (Bahia), um fotógrafo que almoçava comigo (e que eu não conhecia) começou a falar a respeito da apresentação. Disse ele: 

“- Dois amigos foram ao show do Chico ontem: gostaram muito. E eles falaram que voltaram cativados pela moça que cantou junto com ele... ficaram arrebatados”.

[ENQUANTO EU SORRIA DE CANTO DE BOCA, ORGULHOSA E PENSANDO NO QUE FALAR, UMA SENHORA DA MESA AO LADO TOMOU A PALAVRA]: 

“- Nossa! Eu soube desse show! Disseram que ela canta muito mesmo. Que o público ficou emotivo e sensibilizado”. Bom, eu só de ouvir os relatos voltei a me emocionar! Concordei com eles e lhes revelei que eu estava lá na Concha assistindo a essa apresentação e que foi tudo desse jeitinho mesmo!

[FIQUEI PENSANDO: SERIA COINCIDÊNCIA EU VIAJAR PARA OUTRA CIDADE E DUAS PESSOAS VIREM FALAR DESSE ACONTECIMENTO COMIGO?! 

ACREDITEI QUE NÃO! IMAGINEI QUE EU DEVERIA COLOCAR ISSO EM PALAVRAS PARA QUE A PRÓPRIA MÔNICA TIVESSE A NOÇÃO DO QUE ELA FEZ NAQUELE DIA].

Por fim, e não menos importante, deixo aqui a frase que um amigo meu me disse há 20 anos quando eu tinha uma comunidade no ORKUT dedicada a ela: “Ouvir a Mônica Salmaso cantar é saber que Deus existe”.

Sim, amigo, concordo com você: eu e uma Concha Acústica inteira que se curvou a ela! 


Mônica Salmaso: a encantadora de almas!!!


(Por Valéria Nancí de Macêdo Santana - @valeriananci)