sábado, 10 de setembro de 2016

Mônica Salmaso e Paula Santoro no Sesc Belenzinho

Por Valéria Nancí

Sobre a noite de São Paulo, 09 de setembro de 2016.


Noite fria no inverno cinzento da cidade de concreto. Na agenda um compromisso inadiável: participação da Mônica Salmaso no show da Paula Santoro. Sim: queria ver a Mônica de novo após o mega sucesso da passagem da sua turnê Corpo de Baile em Salvador!

Era pra ser mais um simples encontro meu com o inquestionável amor que tenho pela arte da Mônica: era apenas mais uma conexão Salvador-São Paulo como as outras que já vivi. Entretanto, havia conhecido dois jornalistas e uma publicitária de Aracaju nos dias que antecediam o show, no maior congresso de comunicação do país: o INTERCOM NACIONAL (na Universidade de São Paulo). Três pessoas bacanas, com um gosto que casava com o meu, mas que não conheciam o trabalho dela: resolvi convidá-los para ir comigo ao SESC BELENZINHO [ou SESC BEM LONGINHO (risos) como se fala por aqui], local da apresentação. Disse-lhes que achava que gostariam do que iriam presenciar, mas cuidei para não fazer muito alarde, pois como li outro dia nesses livros de teóricos de gente inteligente (risos), Schopenhauer em COMO VENCER UM DEBATE SEM PRECISAR TER RAZÃO dizia sobre a questão de gosto: “Prefiro crer e julgar por mim mesmo”; “Argumento dirigido ao sentimento de honra”. Sábio Schopenhauer e sábios novos amigos que fiz por Sampa e que toparam essa parada.

Um lindo show se anunciava: Paula Santoro na voz, com Rafael Vernet no piano e direção musical, Daniel Santiago no violão, Bruno Migotto no contrabaixo, Edu Ribeiro na bateria. Uma bela apresentação da Paula e seus músicos lançando o seu novo CD “Metal na Madeira”. Porém, vou revelar: eu estava mega ansiosa para a entrada da Mônica. De certa forma, para mim era uma responsabilidade, sabe?! Levar pessoas para apresentar o trabalho de quem a gente admira pode soar um fanatismo fugaz. Depois relaxei um pouco, afinal acho que 16 anos de contato com sua obra já é bastante tempo para eu afirmar que de fugaz e de fanatismo isso não tem nada: sabia que no final iria conseguir que a sua voz conquistasse mais três admiradores, aqueles famosos mais “três tijolinhos”, postos um sobre o outro, colados firmemente com uma massa de cimento, com os quais ela sempre afirmara querer construir sua carreira, paulatinamente, de modo consolidado – e, olha, nessa brincadeira essa construção tá virando um “lindo-castelo-de-conto-de-fadas-daqueles-que-chegam-a-tocar-no-céu”, viu?!.


Bom, vamos ao que interessa: show começando e o “Metal na Madeira” dando seu recado – a Paula apresentando, de um modo bem seu, o disco novo. Lembro de ter conhecido a Paula no Festival da Cultura em 2005 – no qual a Mônica também participou, fazendo a abertura, cantando acompanhada da Orquestra Popular de Câmara de São Paulo.

Histórias à parte, quando a Mônica entrou no palco ontem eu nem respirei (risos) para que meus mais novos amigos da comunicação pudessem ouvir com plenitude seu canto. Posso falar?! Outro dia lhe ouvi dizer em entrevista que a Nana Caymmi tem a voz de Catedral (e tem!!!), mas e a sua, hein dona Mônica?!: tem a “voz-de-catedrais-de-um-Vaticano-inteiro” (risos).

Participante que era, cantou, a princípio, apenas três canções (belíssimas por sinal), mas eu não perguntava aos meus convidados o que haviam achado do que assistiam. Preferi deixar para o final. Só posso adiantar que assim que saiu do palco, da primeira vez, foi bastante aplaudida. Ao findar a apresentação principal, a Paula Santoro lhe convidou para o retorno ao palco, e a plateia logo pediu o bis das duas numa música linda de nome “Dorival Pescador” - a qual ambas haviam feito durante a primeira passagem da Mônica no palco. Em seguida cantaram mais uma canção e concluíram a apresentação sendo bastante aclamadas.

ACABOU! E AGORA?! VOU PERGUNTAR AOS COLEGAS SERGIPANOS SUAS OPINIÕES... NÃO PRECISOU! VI SEUS OLHOS BRILHAREM! ENCANTADOS QUE ESTAVAM ME DISSERAM: 1- “- Que voz linda”!; 2-“ - Gente!!! Ela não faz força pra cantar”; 3- “- Vou procurar coisas sobre ela na internet quando chegar em casa” (em casa entenda-se o hostel onde estamos hospedados).

NOSSA! QUE ORGULHO SENTI! JURO! É SENSACIONAL! UMA MEGA SATISFAÇÃO! E, OLHEM: PREPAREM AS OLARIAS - VEM MAIS TIJOLINHOS POR AÍ!!!

Após o show, revelo umas curiosidades:

1- Dois dos novos fãs sergipanos que a Mônica prospectou ontem revelaram ter se arrepiado (assim como eu) em vários momentos em que ela entoava as canções.

2- Ainda ontem, por volta de meia-noite e pouco, dois deles sentaram no banco de entrada do hostel, e boquiabertos disseram que estavam pilhados/maravilhados e que não conseguiriam dormir daquele jeito - pediram uma pizza!

3- Hoje pela manhã, uma delas revelou para mim que passou parte da madrugada buscando nos “googles da vida” materiais sobre a Mônica; e o outro disse-me que ficaria dias ouvindo sua voz rodando na mente, e que quando quisesse sentir paz era ela que ele ouviria dali por diante - AGORA PENSE AÍ: QUE AFAGO NO CORAÇÃO ESSA SALMASO TRAZ, HEIN?!!!.

Estou aqui escrevendo/descrevendo, terminando esse texto, e imaginando: “Quando a Mônica ler isso como será que se sentirá?!" - saber que é possível fazer tanto bem aos outros com o que oferece é grandiosamente DIVINO!

A verdade é que o que era pra ser só uma participação transformou-se em continuidade de sua belíssima construção cheia de ternura!

TRAZ MAIS UM TIJOLINHO AÍ, POR FAVOR!!!

*Valéria Nancí é geógrafa, publicitária,escritora, louca por música, aficcionada por capas de discos, mestre em Desenho, doutoranda em Cultura e pesquisadora da obra de Mônica Salmaso!
Instagram: @valeriananci
E-mail: valeriananci@ig.com.br
Blog pessoal: valeriananci.blogspot.com.br

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